terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Girls

Você sabia que enquanto nós, garotos, estamos nos divertindo jogando bola, brincando de gude e colecionando figurinhas dos times do Brasileirão, as meninas frequentam uma escola secreta, que lhes ensinam a destruir os corações dos garotos em 30 lições? Instruídas por uma viúva alemã daltônica elas aprendem, desde pequenas, todos os truques de como governar um homem com um simples sorriso, uma passada de mão nos cabelos e um andar todo especial, à la Gisele Bündchen? Aprendem a desfilar lentamente, como se o mundo rodasse em slow-motion para vê-las passar, como uma zebra distraída no meio da savana africana, pronta para ser abatida por um leão faminto, ela passa calmamente. Mas, nesse ponto você já não quer abatê-la, você não é um leão, você é um homem e quer salvá-la. Quando crianças, suas bonecas sussurram-lhe nos ouvidos as vantagens de ser linda, loira de olhos azuis e ter a cintura da grossura de um polegar. Como você acha que a boneca Barbie conseguiu aquele carrão conversível, um flat com piscina e um iate? Com certeza não foi sendo boneca aeromoça, surfista, professora... Elas aprendem, desde cedo, que estamos aqui para servi-las e não há quem consiga dissuadi-las disto. Na escolinha, ela tem apenas 5 anos, usa maria-chiquinha e ainda lhe faltam os dentes da frente, mas basta apenas um sorriso e um brilho diferente nos olhos e pronto! Você, apaixonado, está disposto a passar todo o seu recreio fazendo as coisas mais estúpidas para lhe chamar a atenção e isso inclui puxar seus cabelos, botar-lhe apelidos descabidos e fingir que não está nem aí pra ela... Ledo engano... Aos 13 anos, ainda estamos usando aparelho, com a cara entupida de espinhas e medindo 1,42m, enquanto elas experimentam seus primeiros sutiãs e explodem em beleza, na vivificação da metáfora da lagarta transformando-se em borboleta. Aos 18, ela não é mais uma aluna, após anos de treinamento prático de enrolação de babacas, graduou-se com mérito em arte da sedução e pretende seguir carreira como destruidora de corações. Talento nato. Mais tarde, a despeito de toda educação, ela decide baixar a guarda e se apaixona. Mas, claro que não é por você. O cara é um cafajeste e até você, que não é lá boa peça, reconhece isso, mas ela não. Ela enxerga nele o maldito príncipe encantado que um desenho infantil lhe prometera quando criança (na base da mensagem subliminar) e em você, ela só enxerga um... blargh! Um amigo! Preferem acreditar na ilusão de um príncipe encantando a enxergar o cara que sabe de suas preocupações e anseios, sabe lhe fazer rir e estará lá quando ela precisar chorar. Essa é a lição mais terrível que a instrutora alemã lhes passa: Não namorem seus amigos! Então, por uma conjunção dos astros você consegue achar a mulher ideal e convencê-la de que casar com você não é lá muito mau negócio. Tudo bem que você usa um argumento barato para disfarçar, mas a verdade é que você não consegue mais respirar sem ela ao seu lado e por isso você aceita tudo que ela lhe propõe. Ela escolhe a igreja, o apartamento, o nome dos filhos e que você não deve usar mais essa camisa do Brasil da Copa de 90. E tudo segue muito bem, com os pequenos jogos de poder e controle que os casais jogam por jogar, pois sabemos que o controle é todo delas, até o dia que você descobre uma outra paixão. De novo, você está caidinho por uma garotinha. Só que ela tem 5 anos, de maria-chiquinha e sem os dentes da frente. Ela é sua filha e você não está disposto só a perder o recreio, como também toda sua vida, na tentativa de agradá-la e protegê-la de um mundo cruel, terrível e cheio de garotos não muito diferentes de você quando era jovem. É neste momento que você percebe que o mundo é delas e que não adianta tentar entendê-las, assim como elas perdem o seu tempo tentando decifrar nossos pensamentos confusos e interrompidos (por obra delas). Nunca saberemos o quê se passa em suas mentes e é aí onde reside a beleza e o mistério da mulher. O máximo que podemos fazer é nos maravilhar com essa bela confusão que adoramos nos meter. E não conseguimos viver sem. Mesmo que elas ainda relutem em namorar com os amigos. E acreditem nos cafajestes.

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