quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Literatura: As Virgens Suicidas


Aproveitando o tempo livre das férias eu peguei um dos meus livros favoritos para reler, “As Virgens Suicidas”, de Jeffrey Eugenides, publicado inicialmente em 1993, e recentemente relançado em uma nova tradução pela Companhia das Letras. E novamente fui arrebatado por uma explosão pungente de sentimentos e reflexões que somente uma obra de tamanho talento e importância é capaz de despertar. Relatando a tragédia que se abate sobre a família Lisbon e suas 5 filhas, em um subúrbio americano nos anos 70, Eugenides, em seu romance de estréia, tece um sensível panorama do crescimento e das dores da adolescência em uma primeira leitura. Mas como toda grande obra é rica de múltiplos significados e leituras, aprofunda-se sobre as relações superficiais do mundo atual, a aversão aos inadequados, os efeitos nocivos de uma educação repressiva e controladora e a melancolia sobre um tempo que não volta, borrado e modificado pela memória. É difícil não dar detalhes da estória, visto que até o título entrega o desfecho final do livro, mas o importante da prosa de Eugenides é como ele se aproveita de um relato quase confessional de um grupo de garotos, vizinhos das meninas Lisbon, para dar vazão à sentimentos como a paixão, o amor, a admiração, o temor e a confusão típicos da adolescência (e por que não da vida adulta?). O texto é fluído e apesar do tema difícil e pesado, usa de um lirismo quase fantasioso que empresta um ar de extraordinário e mágico aos acontecimentos ordinários do passado, artifício comum quando imaginamos (ou lembramos) de fatos ou pessoas que nos falam mais perto ao coração. E isso acontece também ao leitor de “As Virgens Suicidas”, é uma tarefa árdua não se emocionar ao ler suas páginas e desejar de alguma forma interferir naquela tragédia anunciada, mudar o destino cruel daquelas garotas como os protagonistas-invisíveis também desejaram. Traduzido em mais de 34 idiomas, “As Virgens Suicidas” tornou-se um clássico da literatura americana atual e foi levado às telas de cinema com o mesmo cuidado e delicadeza pelas mãos de Sofia Coppola, forma pela qual eu conheci o livro, e igualmente recomendado àqueles que se encantarão pelo livro. Descendente de gregos, Jeffrey Eugenides criou uma tragédia grega contemporânea, onde Destino, Morte e Paixão, determinam a vida dos mortais, como na Antiguidade, em uma história cheia de tristeza, suicídio e melancolia, mas ainda assim repleta de beleza. 

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